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Denúncia aponta servidor da Prefeitura de São Marcos como um dos principais alvos do caso do desvio de donativos

Fonte ouvida pelo SMO detalha atuação do grupo que revendia doações em brechós da região; um seria aberto em São Marcos, mas por precaução foi evitado. Prefeito se manifestou ao São Marcos Online. Um segundo endereço na cidade foi alvo da Operação Ascaris, do MP com apoio do GAECO. Câmaras frias municipais foram usadas como depósito do grupo.

Atualizado em 08/12/2025 às 16:12, por Angelo Batecini.

Policial em galpão inspeciona caixas e pilhas de roupas doadas, empilhadas e espalhadas pelo chão, durante ação relacionada à investigação sobre donativos.

Material arrecadado após as enchentes armazenado em galpão inspecionado por agentes, caixas, roupas e donativos que teriam sido comercializados de forma irregular, segundo investigação. Foto: MPRS

Uma testemunha chave do caso que investiga a possível venda irregular e desvio de donativos arrecadados durante a enchente no Rio Grande do Sul afirmou ao São Marcos Online, na manhã desta segunda-feira (8) que dois dos alvos da investigação são moradores de São Marcos, sendo um servidor municipal de carreira, apontado por ela como vice-presidente da associação envolvida no esquema, e um segundo integrante que atuaria na parte administrativa e contábil do grupo. Segundo a fonte, que também é investigada, foi apenas após perceber irregularidades e receber orientação jurídica que decidiu denunciar o caso.

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A repercussão ganhou o país na última semana, após cumprimento de mandados de busca e apreensão no âmbito da Operação Ascaris, desencadeada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), com apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO), com imagens e vídeos que mostram a ação dos investigadores em municípios da Serra, sobre materiais que teriam sido recebidos para distribuição a atingidos pelas enchentes em 2024 e, segundo a denunciante, comercializados em brechós e revendidos para terceiros.

A autora do relato, moradora de Caxias do Sul, falou com à reportagem e afirma que participou das atividades do grupo acreditando que tudo estava regularizado. Questionada, ela explica como o servidor da Prefeitura de São Marcos era atuante e aponta participação de uma outra pessoa, como parte do sistema contábil da operação irregular.

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"Eu emprestei minha máquina de cartão, o dinheiro entrava na minha conta e eu repassava. No início, eu acreditava que era tudo correto. Ela dizia que tinha papéis e que estava autorizado. Como que eu, uma semianalfabeta, ia imaginar que isso era mentira?", relatou.

A fonte afirma ter sido usada como intermediária financeira, o que posteriormente soube caracterizar possível lavagem de dinheiro, segundo orientações que recebeu de seu advogado. Ela diz que desde junho do ano passado tenta denunciar o caso.

"Procurei Ministério Público, Defesa Civil, fiz boletim de ocorrência. Nada aconteceu. Parecia que ninguém acreditava. Eu me sentia impotente", disse.
"Eu só quis ajudar. Agora estou na investigação também e quero que tudo venha à tona."

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Servidor municipal teria papel central na associação

A denunciante aponta o servidor como figura de confiança e autoridade interna, com acesso a decisões e documentação.

"Ele sabia das vendas, sabia da origem. Ele era o vice-presidente da associação. Ele e a família tinham liberdade para escolher objetos. Ele pegou dinheiro, pegou mercadorias nos pavilhões", afirma.

Segundo seu depoimento, o servidor teria recebido valores em espécie provenientes das vendas, supostamente para cobrir despesas pessoais:

"No aniversário da filha, ele pediu R$ 10 mil reais, que foi dado em espécie. Depois pediu mais R$ 5 mil, e depois mais R$ 5 mil. Ele dizia que como as vendas estavam boas, ele também tinha direito à fatia."

A fonte ainda menciona que o servidor e sua esposa teriam movimentado bens oriundos dos donativos e que o nome dele aparece internamente como “segundo no comando”.

O São Marcos Online preserva a identidade dos envolvidos por ainda não haver confirmação oficial ou indiciamentos públicos.

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Segundo alvo de São Marcos atuaria no setor administrativo/contábil

A testemunha cita ainda um segundo investigado de São Marcos, ligado à parte financeira e operacional do grupo.

"Eles começaram como voluntários. Depois ficaram com a chave do brechó. Teve gente que levou mercadoria pra casa, teve venda que era repassada para contas determinadas", conta.
"Eram oito pessoas, pelo menos."

A fonte relata que parte das doações teria ficado armazenada em prédio público, em São Marcos, o que já havia sido levantado anteriormente e segue sob apuração, conforme registrado pelo São Marcos Online e denúncia feita na época, ao MP local, e que acabou sendo arquivada. Na denúncia, à época, é mencionado três galpões onde ficam as câmaras frias do município, ao qual o servidor, por ter cargo na Secretaria da Agricultura, inclusive como secretário interino, tem livre acesso e mantinha como depósito e triagem das doação.

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Rede de denúncias e silêncio que se arrasta

Sem resposta efetiva das autoridades, ela buscou apoio externo:

"Mandei fotos, vídeos, comprovantes para um membro do Consulado de Miami, de onde parte das doações teriam partido. Foi ali que começaram as denúncias em Porto Alegre. Mas até agora nada havia mudado."

A investigada admite também sentimento de mágoa e desejo de justiça:

"Eu poderia ter ficado quieta, mas não consigo. A sensação de injustiça é grande. Ela me botou nessa, agora vamos fazer barulho", disse se referindo a investigada e mentora da ONG alvo da operação.

Prefeito se manifesta ao SMO

A reportagem do São Marcos Online ouviu o Prefeito Volmir Rech, que afirmou que irá aguardar os desdobramentos das investigações para tomar alguma atitude em relação ao servidor. Ele lamentou o fato e revelou que o servidor relatou que teria sido iludido pela gestora da organização e teria boas intenções. As investigações continuam e o SMO segue acompanhando os próximos capítulos.

O prefeito menciona ainda o fato que de que os galpões das câmaras frias foram utilizados durante a administração passada, e que no começo de sua gestão pediu a retirada imediata de todo material. O servidor é concursado e filiado ao partido da situação e sempre teve “carta branca” dentro da Secretaria da Agricultura.