44% dos homens nunca foram ao urologista: diagnóstico tardio aumenta risco de morte por câncer de próstata
Campanha Novembro Azul chama atenção para sintomas silenciosos e avanços que preservam qualidade de vida
A recomendação da SBU é iniciar o acompanhamento a partir dessa idade ou aos 45 anos para homens com fatores de risco
Cuidar da saúde masculina ainda esbarra em tabus. O medo de perder função sexual ou ter problemas urinários ainda afasta muitos homens do consultório. No Brasil, cerca de 44% nunca foram ao urologista para avaliação ou exames preventivos, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU). A mesma entidade aponta que o câncer de próstata segue entre as principais causas de morte por câncer em homens: são 48 óbitos diários e um aumento de 21% na mortalidade na última década.
O Novembro Azul, realizado anualmente desde 2008, reforça a importância do diagnóstico precoce. “A campanha vem avançando, mas ainda enfrentamos barreiras culturais. A detecção da doença nos estágios iniciais salva vidas e os cuidados de prevenção precisam entrar na rotina dos homens, sem constrangimentos”, afirma o médico Eduardo Carvalhal, chefe do Serviço de Urologia do Hospital Moinhos de Vento.
Como prevenir e detectar precocemente
A próstata é uma glândula do tamanho de uma noz, localizada abaixo da bexiga e ao redor da uretra. Com o passar da idade – especialmente após os 50 anos – ela tende a aumentar, o que pode provocar alterações urinárias.
A recomendação da SBU é iniciar o acompanhamento a partir dessa idade ou aos 45 anos para homens com fatores de risco (histórico familiar de câncer de próstata, raça negra ou obesidade). “Hoje conseguimos diagnosticar com muito mais precisão, tratar quem realmente precisa e, ao mesmo tempo, acompanhar com segurança os casos de baixo risco em vigilância ativa”, explica Carvalhal.
Como é feito o rastreamento
- Exame de sangue (PSA)
- Exame de toque retal
- Em geral, se o exame anual de PSA não estiver alterado, o exame de toque não precisa ser repetido a cada consulta
- Havendo suspeita, o paciente pode ser encaminhado para ressonância magnética e, se indicado, biópsia da próstata
Essa abordagem busca evitar intervenções desnecessárias e preservar a qualidade de vida do paciente, especialmente em relação à função urinária e sexual.
Sintomas
O câncer costuma ser assintomático no início. Quando surgem sinais, a doença pode estar em estágios mais avançados:
- Dificuldade para urinar
- Jato urinário fraco ou interrompido
- Ardor ou dor ao urinar
- Vontade frequente de urinar, mesmo com pouco volume
- Sangue na urina ou no sêmen
Avanços tecnológicos: maior segurança, menos efeitos colaterais
A ressonância magnética da próstata tem ganhado papel central no percurso do paciente – ajuda a identificar lesões que exigem atenção e orienta a biópsia com maior precisão. No âmbito do tratamento, a cirurgia robótica desponta como uma das grandes inovações.
“Hoje dispomos de tecnologia altamente avançada que possibilita oferecer precisão, segurança e cuidado personalizado, reduzindo sangramentos e riscos de efeitos adversos, como incontinência ou disfunção erétil, além de propiciar uma recuperação mais rápida. Isso significa preservar não só a vida, mas a qualidade de vida dos pacientes”, afirma o urologista André Berger, coordenador do Núcleo de Medicina Robótica do hospital.
Além dos avanços clínicos, os especialistas ressaltam que o suporte emocional e a informação clara ao paciente são fundamentais. “O paciente deve ser protagonista, recebendo orientação e tempo para tomar as decisões que fazem sentido para sua vida”, completa Carvalhal.










