Sindicato e empresa RAV discutem plano de segurança após acidentes com amputações em São Marcos
Reunião no Simecs abordou medidas preventivas e acompanhamento técnico; RAV confirma auditoria interna e interdição voluntária da máquina. Confira nota oficial da empresa, enviada com exclusividade ao SMO.
Após dois casos de amputação em São Marcos, o Sindicato dos Metalúrgicos e a empresa RAV Componentes realizam reunião no Simecs e anunciam ações para fortalecer a segurança no trabalho. Foto: divulgação.
O Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul e Região participou, na tarde de segunda-feira (10), de uma reunião na sede do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs), para tratar dos dois acidentes graves de trabalho registrados recentemente na empresa RAV Componentes, em São Marcos.
O encontro reuniu representantes do sindicato, da empresa e da entidade patronal, com o objetivo de alinhar medidas para reforçar a segurança no parque fabril após os dois episódios de amputação envolvendo trabalhadoras da unidade.
Conforme nota enviada pelo Sindicato dos Metalúrgicos, o primeiro acidente ocorreu no final de outubro, quando uma funcionária teve os dois polegares amputados durante a operação de uma máquina sem mecanismo de segurança em conformidade com a Norma Regulamentadora nº 12 (NR-12). Pouco tempo antes, outra trabalhadora havia perdido quatro dedos de uma das mãos, em circunstâncias semelhantes.
Segundo o sindicato, os representantes da RAV informaram que as colaboradoras receberam atendimento médico e psicológico, e que a máquina envolvida foi interditada. A entidade, contudo, questionou o acompanhamento técnico da instalação e operação do equipamento e propôs que a empresa formalize, em documento, um plano de medidas preventivas para todo o parque de máquinas, garantindo maior segurança aos trabalhadores.
“Os trabalhadores precisam exercer suas atividades com a certeza de que estão seguros. É inadmissível que ocorram acidentes graves como estes, que causam não somente danos físicos, mas também psicológicos às trabalhadoras”, destacou o presidente do sindicato, Paulo Andrade.
“A direção do Sindicato vai avaliar a proposta da empresa, prezando pela efetiva implantação das medidas de segurança”, completou.
A pedido do sindicato, a delegacia regional do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) acompanha o caso. Segundo o comunicado, a fiscalização vistoriou as condições técnicas e interditou a máquina envolvida nos acidentes.
Posicionamento da empresa RAV Componentes
Em nota exclusiva enviada ao São Marcos Online, a RAV Componentes confirmou os acidentes e lamentou profundamente os ocorridos, reafirmando solidariedade às trabalhadoras e suas famílias.
A empresa informou que prestou assistência médica e psicológica desde o primeiro momento e que, como medida preventiva, optou pela interdição voluntária dos equipamentos envolvidos, antes mesmo de determinação oficial.
Segundo o comunicado, a RAV iniciou uma auditoria técnica interna conduzida por profissional habilitado, com foco na conformidade com a legislação vigente, especialmente a NR-12, e está revisando seus procedimentos operacionais, reforçando treinamentos e ampliando canais de escuta ativa com os colaboradores.
“A direção da empresa recebeu com respeito o posicionamento do sindicato e permanece aberta ao diálogo institucional”, diz a nota.
“Foi realizada reunião técnica com o sindicato, a fim de apresentar as medidas adotadas e construir, de forma conjunta, soluções que fortaleçam a cultura de segurança no ambiente de trabalho.”
A empresa reforçou ainda seu compromisso com a integridade física dos trabalhadores e a colaboração com as autoridades competentes em todas as etapas do processo.
Acompanhamento e próximos passos
O São Marcos Online segue acompanhando o caso. O veículo optou por não divulgar o nome da empresa até que as investigações avançassem, decisão mantida até a manifestação oficial da própria RAV Componentes — reafirmando o compromisso do jornal com a ética, a apuração equilibrada e o direito de resposta.
A reportagem também aguarda o parecer do Ministério Público do Trabalho (MPT), que foi acionado para acompanhar o caso, e está coletando depoimentos das duas trabalhadoras envolvidas, a fim de concluir o desfecho jornalístico com base em todas as fontes envolvidas.












