São Marcos enfrenta desafios persistentes com alagamentos: conheça o histórico recente, as intervenções já executadas e os compromissos da nova gestão com o sistema pluvial da cidade

Nos últimos anos, o município de São Marcos tem enfrentado uma série de alagamentos que podem ser considerados de grande expressão, especialmente nas áreas centrais adjacentes ao Arroio Gravatá. Eventos climáticos extremos têm se tornado mais frequentes, evidenciando a necessidade de melhorias e novas alternativas na infraestrutura de esgotamento pluvial e na gestão de desastres naturais em âmbito local.

Em 21 de dezembro de 2016, um temporal, talvez o mais intenso até hoje, resultou em alagamentos que afetaram aproximadamente 50 residências no centro da cidade. Na época, a Defesa Civil relatou que a água invadiu casas e estabelecimentos comerciais, obrigando os moradores a saírem, iniciando em seguida os trabalhos de limpeza e reconstrução. Um homem chegou a ser hospitalizado após tem ficado agarrado em um pilar para não ser levado pela correnteza. Ninguém mais se feriu, mas os danos materiais foram enormes.

Intervenções recentes postas a prova

Durante a gestão do ex-prefeito Evandro Kuwer, foram realizadas obras de macrodrenagem em 2020 na região das empresas Bepo e Bontempo, no bairro Industrial, sendo feita nova galeria com desvio. Na mesma época, na Rua Carlos Gomes, no acesso ao bairro Jardim do Plátanos foi realizada construção de novo sistema minimizando o impacto na área mais baixa, já na Avenida Venâncio Aires com a Rua Augusto Catafesta, uma das mais afetadas. Essas intervenções incluíram a instalação de novas tubulações para escoamento do excedente de água, visando solucionar os recorrentes alagamentos nessa área. Além disso, a prefeitura implementou programas regulares de limpeza do Arroio Gravatá, removendo vegetação e detritos para garantir o fluxo adequado das águas.

Em maio de 2024, chuvas torrenciais novamente causaram alagamentos significativos, bloqueando os principais acessos ao município e levando à suspensão das aulas nas escolas municipais. Esses eventos destacaram a vulnerabilidade da cidade diante de precipitações intensas e a urgência de medidas preventivas eficazes. Novamente o Gravatá foi posto a prova e se mostrou vulnerável ao não dar vazão total ao volume de água.

Desafios atuais e compromissos da nova gestão

Na última quarta-feira, dia 12, o desafio se apresentou para a nova gestão do prefeito Volmir Rech e da vice-prefeita Fabiana Dutra. Um temporal acumulou 70 mm de chuva em poucos minutos, resultando em novos alagamentos. O Arroio Gravatá transbordou, afetando residências e estabelecimentos comerciais, enquanto as galerias pluviais não conseguiram conter o volume de água causando alagamentos nas esquinas. Alguns bairros também registraram alagamentos demonstrando a vulnerabilidade da rede toda.

O episódio desse início de ano também veio acompanhado de vento que destelhou moradias e comércio no centro e de alguma ocorrência de granizo no interior.

Em novembro de 2023 um temporal de granizo atingiu diversos bairros deixando um rastro de destruição. Esses fatores meteorológicos estão cada vez mais intensos e recorrentes, apontando a urgência de desenvolver planos de resiliência climática.

Durante a campanha eleitoral, a nova administração firmou compromisso com as seguintes propostas de governo para o período de 2025 a 2028:

• Realizar estudo e implementar novos pontos de escoamento da cidade junto à BR-116: Esta iniciativa busca criar alternativas para o escoamento das águas pluviais, reduzindo a pressão sobre o sistema atual e prevenindo alagamentos nas áreas centrais.
• Reavaliar as galerias de esgotamento pluvial: O objetivo é identificar deficiências nas estruturas existentes e promover melhorias que aumentem a capacidade de drenagem, adaptando-as às novas realidades climáticas.
• Implementar o Programa Municipal de Prevenção a Desastres Naturais: Este programa visa estabelecer diretrizes e ações coordenadas para minimizar os impactos de desastres climáticos e ambientais na região. Entre os objetivos principais estão a promoção de uma atuação articulada entre os poderes públicos e a sociedade civil, a implementação de ações integradas de prevenção e a promoção de uma cultura resiliente entre os moradores.
• Cobrar da Corsan o cumprimento do Plano Nacional de Saneamento Básico (PLANSAB): A administração municipal compromete-se a fiscalizar rigorosamente o cumprimento das metas estabelecidas pelo PLANSAB, exigindo que a Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) alinhe suas ações às diretrizes nacionais. Isso inclui garantir o abastecimento de água potável, assegurar o esgotamento sanitário adequado, implementar sistemas eficientes de manejo de resíduos sólidos e desenvolver infraestruturas de drenagem que previnam alagamentos e enchentes.

A secretária do Planejamento Nilva Rech destacou a urgência dessas ações e disse que, diante dos transtornos causados pelos alagamentos dessa semana, reforça o compromisso desta gestão em acelerar os estudos e as obras necessárias para melhorar o escoamento das águas pluviais da cidade.

As mudanças climáticas têm intensificado eventos extremos, como chuvas torrenciais, colocando em evidência os limites naturais do Arroio Gravatá para conter grandes volumes de água e a capacidade de resiliência da população em casos extremos.

Além das intervenções estruturais, também se faz preciso ações de conscientização junto à população sobre a importância de manter bueiros e galerias limpos, evitando o descarte inadequado de resíduos que possam obstruir o fluxo das águas.

A combinação de intervenções governamentais, responsabilidade comunitária e adaptação às mudanças climáticas será necessária para mitigar os impactos futuros e garantir a segurança e o bem-estar de todos os moradores.

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