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Após operação do GAECO, doações desviadas das enchentes serão destinadas a creches e abrigos; investigação segue com foco em São Marcos

Material apreendido na Operação Ascaris será entregue a prefeituras da Serra; investigação apura esquema que teria contado com liderança de servidor público de São Marcos.

Atualizado em 20/12/2025 às 15:12, por Angelo Batecini.

Representantes do Ministério Público e das prefeituras assinam termo de doação em sala institucional, com caixas de fraldas, roupas e produtos infantis apreendidos na Operação Ascaris dispostos sobre a mesa.

Após autorização judicial, Ministério Público formaliza a destinação de donativos apreendidos na Operação Ascaris, que serão entregues a creches e abrigos da Serra Gaúcha. Foto: MPRS / Divulgação.

O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) anunciou, nesta sexta-feira (20), um novo desdobramento da Operação Ascaris, que investiga o desvio e a comercialização irregular de doações enviadas dos Estados Unidos para vítimas das enchentes de 2024 no Estado. Após autorização judicial, os produtos apreendidos pelo GAECO/MPRS serão oficialmente destinados a creches e abrigos dos municípios de Caxias do Sul e Bento Gonçalves.

O termo de doação foi assinado na sexta-feira (19), envolvendo representantes das duas prefeituras e os promotores de Justiça Adrio Gelatti, em Caxias do Sul, e Carmem Lucia Garcia, em Bento Gonçalves. Entre os materiais estão roupas, fraldas, mamadeiras e itens de uso infantil, que haviam sido desviados do propósito original de assistência humanitária.

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Segundo o promotor Manoel Figueiredo Antunes, coordenador do 5º Núcleo Regional do GAECO, Serra e responsável pela investigação, a medida busca garantir que os bens apreendidos cumpram sua função social.

“O objetivo é assegurar que esses itens cheguem a quem realmente precisa, beneficiando pessoas em situação de vulnerabilidade, especialmente crianças acolhidas em instituições”, destacou.

Investigação mantém foco em São Marcos

Embora a destinação dos bens represente um avanço concreto, a investigação criminal segue em curso e mantém São Marcos no centro das apurações. Conforme já noticiado pelo São Marcos Online, um servidor público municipal de carreira é apontado como uma das lideranças do esquema, segundo denúncia prestada por uma das investigadas, que afirma ter sido ludibriada e usada como intermediária financeira.

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Além dele, um segundo investigado ligado a São Marcos é citado como responsável por funções administrativas e contábeis, integrando o núcleo operacional da organização. Ambos são tratados como “laranjas” no esquema, conforme a linha investigativa.

Os nomes seguem preservados, uma vez que não há denúncia formal apresentada até o momento, nem indiciamentos públicos.

Uso de estrutura pública e denúncias anteriores

As novas informações reforçam elementos já levantados em apurações jornalísticas anteriores, incluindo o uso de prédios públicos como locais de armazenamento de grandes volumes de donativos, fato que havia sido investigado e, à época, negado como irregular pelos responsáveis.

A fonte ouvida pelo SMO afirma que tentou denunciar o caso desde junho de 2025, procurando Ministério Público local, Defesa Civil e autoridades municipais, sem que houvesse avanço concreto nas apurações naquele momento.

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“Só depois que a denúncia chegou fora do país é que as coisas começaram a andar. Aqui ninguém me ouviu”, relatou.

Operação Ascaris

A Operação Ascaris investiga um esquema que teria envolvido oito pessoas, com atuação em Caxias do Sul, São Marcos e Boa Vista do Sul. Segundo o MPRS, os investigados desviavam roupas e outros materiais enviados por pessoas e entidades dos Estados Unidos para atendimento às vítimas das enchentes, revendendo os produtos em brechós da região.

A apuração aponta indícios dos crimes de organização criminosa, apropriação indébita e lavagem de dinheiro, com uso de movimentações financeiras para dar aparência legal aos valores obtidos. No início do mês, foram cumpridos 12 mandados de busca e apreensão nos três municípios.

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Posicionamento do Executivo municipal

Procurado anteriormente pelo São Marcos Online, o prefeito de São Marcos informou que aguardará os desdobramentos oficiais da investigação para adotar qualquer medida administrativa em relação ao servidor citado, reforçando o respeito ao devido processo legal. No momento, o servidor envolvido goza de férias, conforme confirmação atualizada do prefeito ao SMO, nesta semana.